segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A AMPLIFICAÇÃO DA HARMÔNICA (PARTE 7)


Olá, amigos! Estou de volta com mais uma abordagem interessante sobre amplificação da harmônica. Desta vez, falando sobre os Microfones “Green Bullet”, que trazem em sua história algumas incógnitas que serão respondidas nesta postagem. As informações aqui presentes foram retiradas de sites americanos especializados e cedidas por quem entende do assunto, sendo que a minha parte foi apenas pesquisar e relatar. Trago aqui informações sobre formas de reconhecer datas de fabricação, modelos, curiosidades em geral. Infelizmente, os Bullets da marca Astatic e Shure que temos em fabricação, hoje em dia, são bem inferiores do que os bons mics antigos das décadas de 40-70. É claro que nem todo mic antigo é bom, mas é fato que os mics vintage são muito superiores por possuírem mais timbre e menos problemas de feedback (microfonia) e, por isso, são preferidos pela maioria dos gaitistas profissionais.

“CR” (CONTROLLED RELUCTANCE) BLACK AND WHITE LABELS

Fabricados nas décadas de 40, 50 e 60 nos EUA, esses mics tornaram-se cada vez mais populares entre o consumidor gaitista. O Shure “Green Bullet”, mais conhecido como 520DX, foi introduzido no mercado pela CIA Shure Brothers Inc. de Chicago, em meados de 1949, e, logo, se tornou popular entre operadores de rádio amador, estações de trem, expedições de polícia, bombeiros e militares por ser um mic com boa resposta de sinal para discursos e resistente a altas temperaturas, praticamente à prova de umidade. Este mic foi chamado de “Controlled Reluctance Microphone” (Controlled Reluctance Transducer) e foi desenvolvido para suportar qualquer situação climática extrema (calor, frio, umidade ou secura). Esses primeiros mics tinham uma resposta de freqüência de 100 a 7.000 Hz e custavam US $16,50 nessa época. Nos primeiros 10 anos, foram lançados os seguintes modelos em ordem de fabricação: 99A86, 99B86, 99G86 e 99H86. As cápsulas CR foram produzidas de 1949 a 1958 e em relação à cor dos rótulos, onde vinham as informações de modelo e ano. Estes são definidos como Black Labels (fabricadas de 1949 a 1954) e as White Labels (1954 a 1958). Entre 1949 e 1951, as Black labeleled CR's eram gravadas com indicações óbvias da data de fabricação, como: 11-49 ou 01-50. Em 1951, a numeração foi substituída por um código de três números, como, por exemplo, 325, sendo que o primeiro número indica o ano e os outros dois a semana de fabricação. Assim, no exemplo dado, a cápsula foi fabricada na 25ª semana de 1953. A partir de março de 1954, a Shure passou a usar cápsulas CR White Label, que apresentavam algumas diferenças das Black Label, anteriormente, produzidas. É importante ressaltar que a distinção entre os dois modelos de cápsulas não se limita à cor da etiqueta. Alterações eletrônicas e estruturais foram feitas, como a substituição da bobina fenólica por plástica, o que deixou o mic um pouco mais frágil a situações como superaquecimento – apesar de existirem raras exceções entre as primeiras White Labeled CR's. No final da década de 50, foram produzidos dois modelos: o 520SL (alta impedância) e o 520SLB (baixa impedância – para uso, se necessário, de cabos longos). Estes eram chamados de “The Dispatcher”, pois vinham com um botão tipo “aperte para falar” e eram muito utilizados em expedições.

“CM” (CONTROLLED MAGNETIC TRANSDUCER)

As cápsulas CR White Label foram produzidas até março de 1958, quando foram substituídas pelas CM (Controlled Magnetic Transducer), que apresentavam sutis diferenças físicas. Em janeiro de 1961, a Shure modificou, mais uma vez, a indicação da data de fabricação das cápsulas, que, então, passou a ser feita por um código de apenas duas letras, como exemplo: AL ou ID, sendo que a primeira letra aponta o ano e a segunda o mês da fabricação. Estas letras representam números de acordo com sua posição no alfabeto. Desta forma, a letra “A” corresponde ao número 1, a letra “B” ao número 2, e assim por diante. Seguindo este raciocínio, se a primeira letra for “G”, o ano provável da fabricação é 1967. No entanto, em 1981, reiniciou-se a contagem dos anos pela ordem alfabética, podendo a designação “AL” referir-se tanto a dezembro de 1961, quanto a dezembro de 1981 (alfabeto americano). Apenas para não restar dúvidas, o outro código dado em exemplo – “ID” – pode ser de uma cápsula de abril de 1968 ou abril de 1988. Para diferenciar estas cápsulas de códigos idênticos, temos três caminhos:

1 - O primeiro critério se dá pelo fato de as cápsulas CM passarem a ser produzidas no México, de 1985 a 1996, e serem identificadas como “Assembled in México”. Portanto, se esta designação estiver em uma cápsula, cujo código de identificação seja “ID”, a cápsula será de abril de 1989. Por outro lado, se houver a designação “Made in USA”, a cápsula será de abril de 1969.

2 - O segundo critério baseia-se no tipo de material usado nas etiquetas das cápsulas. As anteriores a 1980, geralmente, assemelham-se a um pano velho, enquanto as posteriores a esta data, normalmente, apresentam-se mais brilhosas, parecendo plastificadas.

3 - O terceiro critério se extrai da comparação entre os tamanhos dos códigos impressos nas etiquetas. É que nas cápsulas mais antigas os códigos das datas foram impressos menores do que nas cápsulas dos anos 80 em diante.

Desde 1996, a Shure parou de fabricar as cápsulas CM's e inseriu no mercado o microfone 520DX, com cápsula dinâmica e controle de volume. Estes são fabricados no México e, segundo os entendidos no assunto, são de qualidade muito inferior aos “vintages” produzidos em Chicago.

É isso aí pessoal! Em breve, mais informações sobre a amplificação da harmônica. Aproveito para dar uma dica: Confiram sempre na coluna da direita as informações sobre serviçoes e produtos à venda. O Carlos May está com alguns mics Astatic de Cerâmica, Cristal e CM para venda. Interessados contactá-lo no email
-->fastjumpers@gmail.com

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A AMPLIFICAÇÃO DA HARMÔNICA (PARTE 6)

CONSIDERAÇÕES BÁSICAS NA ESCOLHA DE UM MICROFONE


Olá, gaitistas! Nesta postagem trago uma rápida abordagem sobre os cuidados e conhecimentos que se deve possuir na aquisição de um mic de forma consciente. É preciso pensar muito antes de comprar um microfone e para facilitar essa escolha seguem quatro considerações básicas que devem ser observadas:


A) Impedância (Hi-Z ou Low–Z)

B) Princípio de operação (elemento – dinâmico, cristal, Cerâmica, carbono)

C) Resposta em freqüências

D) Diretividade.


Nesta postagem falarei sobre os tópicos "A" e "B" acima.


A) Impedância

A impedância elétrica (ou simplesmente impedância) é a oposição que um circuito faz à passagem de corrente elétrica. Ela é medida em “Ohms”, e seu símbolo é uma ferradura (Ω), símbolo originário do alfabeto grego, indicativo da letra Ômega. O nome é uma homenagem ao físico alemão George Simon Ohm, quem primeiro descreveu estes fenômenos no início do século XIX. A impedância de saída de um microfone pode ser: alta (> 10.000 ohms / 10K), média (1.000 – 4.000 ohms) ou Baixa (150 – 600 ohms). Os pré-amplificadores para microfones (as entradas para microfones) devem possuir impedância em torno de 10 a 20 vezes maiores que a impedância de saída do microfone. As impedâncias dos microfones, atuais, variam entre 50 e 600 Ohms (baixa), assim sendo, os pré-amplificadores devem ter impedâncias de entrada em torno de 3.000 Ohms. Existem alguns pré-amplificadores que possuem seleção da impedância de entrada variando entre 50 a 600 Ohms (valores referentes às impedâncias das fontes). A vantagem disso é o melhor desempenho para cada microfone utilizado. Quando um mic de alta impedância é plugado numa entrada de baixa, haverá uma perda de aproximadamente 6db no nível do sinal.


Todo material apresenta impedância em maior ou menor grau. Materiais condutores apresentam uma baixa impedância, ou seja, são facilmente atravessados por corrente elétrica por possuírem poucos Ohms de resistência, enquanto materiais isolantes apresentam milhares (k=indicativo de mil) de Ohms de impedância. A letra “Z” é indicada para representar a impedância elétrica. Encontramos em Direct Boxes e em alguns cubos para instrumentos, conexões chamadas de “High Z” e “Low Z”, indicando conexões para equipamentos de alta impedância e de baixa impedância.


Os microfones “Low–Z” normalmente são preferidos pela maioria dos músicos e técnicos. Porém os “Hi-Z” são, até hoje, os mais procurados pelos gaitistas. Não se sabe ao certo até que ponto pode ser verdade, mas, alguns gaitistas e técnicos afirmam que, cápsulas Low-Z, permitem uso de cabos longos sem grande captação de ruídos e perdas nas altas freqüências. Sob o ponto de vista da impedância, isso nos leva a raciocinar que cápsulas “Hi-Z” seria o contrário, ou seja, justamente o que afirma a página do “winkpedia” referente a microfones, no tópico “especificações”:


Impedância: Representa de certo modo a sua resistência interna. Na aproximação mais simples deste conceito percebe-se que nos microfones de baixa impedância, inferior a 600 ohms, permite a montagem de cabos de grande comprimento (como 100m ou mais) sem perdas de sinal significativo enquanto nos mics de alta impedância com valores na ordem de 5000 ohms, em cabos com mais de 3 metros já ocorrem perdas significativas”.


Em outras fontes também é possível encontrar até a suposta explicação para isso:


“A resistência encontrada para a passagem do sinal elétrico faz com que ele perca potência a medida que trafega no condutor. Esta perda é chamada de atenuação e é medida em decibéis (dB). Quanto maior for o comprimento do condutor (cabo) maior será a atenuação visto que mais resistência tem que ser vencida”.


Contudo, alguns profissionais também experientes no assunto, contradizem essa informação, acreditando que na verdade, gaitistas tem menos microfonias com cabos mais longos apenas por que estes possibilitam distanciar-se mais do amplificador. André Serrano, conhecido por sua engenharia de alta qualidade nos famosos amplificadores Serrrano, diz que é duvidoso afirmar que cabos longos cortam freqüências altas. Segundo ele, o que influencia não é exatamente o comprimento de um cabo, mas sim a sua qualidade. Cabos ruins não atenuam apenas os agudos, e sim, todo o sinal e de maneira não seletiva. Ele ainda acrescenta que ao cortar somente as freqüências agudas, o cabo fornecerá som “fanho” sem brilho, mas, ainda sim, poderá reproduzir a faixa de médio-agudos que certamente irão ocasionar feedbacks.


Mas o que seriam bons cabos? Quais os critérios de seleção de um “bom cabo”? Existiriam ainda critérios para selecionar um “bom cabo para gaitistas”? Convido os leitores deste blog a postarem suas opiniões em “comentários”. As melhores respostas serão selecionadas e divulgadas na próxima postagem.


O maior motivo na escolha dos mics está relacionado ao seu “princípio de operação”.


B) Princípios de operação

Pode-se afirmar que é extremamente complicado, trabalhoso e dispendioso alcançar o timbre ideal. Existem gaitistas com anos de experiência e que ainda não o fizeram. Pode-se simplesmente utilizar os mesmos acessórios que os mestres utilizavam, e, ainda sim, não alcançar os mesmos resultados. Podem-se explorar novos caminhos (diferentes combinações de microfones e amplificadores), contudo, não há dúvidas de que nas duas opções é saudável compreender os princípios de operação de um microfone, que determinam como ele captura o som acústico e o converte em sinal elétrico, ou seja, saber como funciona o seu “Transdutor”, pois isso influencia bastante no timbre. Existem vários tipos de transdutores: Piezoresistivos (carbono), Piezoelétricos (cerâmica ou cristal), Eletromagnéticos (imã móvel), Eletrodinâmicos (bobina móvel), Eletrostáticos (condensador e eletreto). Os microfones mais populares para gaita utilizam elementos Piezoelétricos e Eletrodinâmicos. Os primeiros (elementos de cristal e cerâmica) possuem sonoridades parecidas e uniformes.


Transdutores Piezoelétricos – Elementos de Cristal e Cerâmica:

Os transdutores piezoelétricos podem ser encontrados em diversos formatos e com muitas aplicações práticas possíveis, seja na forma direta de pastilhas ou no caso dos microfones, na forma de “cápsulas”. Geralmente, o que muitos dizem é que para gaita, mics com elemento de cristal respondem com um som mais limpo enquanto os de cerâmica proporcionam um som mais seco e grave. O problema das cápsulas de cristal é que se expostas a uma temperatura igual ou superior a 55º, perde-se todas as suas características permanentemente. Num ato de vacilo, ao deixá-lo dentro do carro num dia quente, a cápsula perde todas as suas características, simplesmente morre. Portanto são muito sensíveis ao calor e a umidade. Com um pouco de sorte, cuidando bem de um mic com elemento de cristal, ele durará por uma década ou pouco mais. Vivendo num clima muito quente ou úmido, essa cápsula pode não ser a melhor escolha. Muitos gaitistas consideram o som dos mics de cristal simplesmente inigualáveis e estão dispostos a pagar esse preço (a fragilidade).



Vários modelos de mics utilizaram elementos de cristal como os Shure 705A "Rocket" (1938), Shure 7A (1939) e o Shure 18-51 conhecido como “Brown Bullet” (1940). Na verdade os Shure de cristal têm fama de serem ainda mais frágeis que os Astatic de mesmo elemento, e por conseqüência disto, são mais raros de se encontrar. O elemento Cristal também é encontrado em muitos mics “Turner”. Também há alguns modelos da Electro-Voice, porém, o fabricante mais conhecido pela utilização deste elemento foi o Astatic JT-30 com a cápsula MC-151, provavelmente, a cápsula mais popular. A Astatic fabrica o modelo JT-30 a mais de 50 anos e começou fabricando microfones para estações de rádio, como o primeiro da série, o D-104 que logo se tornou o preferido pelos operadores de rádio por sua alta freqüência de resposta. Confira o primeiro anúncio deste mic clicando aqui. Quando Muddy Walters popularizou a amplificação do blues no final da década de 40, isso fez com que os gaitistas se atentassem para uma nova forma de amplificar a harmônica. O JT-30 tem sido o mic padrão no estilo de amplificação blues harmônica desde sua utilização por Little Walter na gravação da faixa “Juke”, que foi um de seus maiores sucessos.


Eis um link para se conhecer um pouco sobre Little Walter.



Veja também a gravação da música “Juke” por Flávio Guimarães, um dos mais importantes gaitistas do Brasil. O próprio vídeo já possui todos os créditos.



Litlle Walter usou o JT-30 com elemento de cristal em algumas performances e gravações. Nos anos 30 (primeiros anos da Astatic), a cápsula utilizada neste mic era a CM-121 que também era muito popular. A maioria dos Astatic JT-30 é de cristal, mas alguns modelos foram fabricados com cerâmica, material muito mais resistente a tombos e climas extremos.


Há um fato um tanto curioso. Nos anos 80 houve um acidente na fábrica Astatic e os moldes da cápsula de cristal MC-151 foram danificados, o que acarretou na fabricação deste tipo de cápsula utilizando os moldes da MC-127 de cerâmica. Por isso é possível comprar cápsulas que sejam vendidas como MC-151, mas que possuam carimbados no metal a especificação MC-127 sob uma vinheta “MC-151”. Os moldes da “MC-127”, desde o acidente, foram utilizados para a fabricação de ambas as cápsulas.


Enfim, muitos gaitistas ainda preferem o elemento de cristal. O modelo JT-30 foi relançado pela Hohner recebendo o nome de “Hohner Blues Blaster”, sendo fabricado pela mesma empresa, mas com um material distinto. Inicialmente, foi utilizada a antiga cápsula MC-151, sendo mais tarde, substituída por outra de diâmetro menor, e, que segundo opinão da maioria dos gaitistas, é de qualidade muito inferior.


http://i41.photobucket.com/albums/e267/bluesharp/Micros/MC151.jpg


Transdutores Eletrodinâmicos – Bobina móvel

Os mics de bobina (eletrodinâmicos) começaram a ser utilizados em meados da década de setenta e são fabricados até hoje com o mesmo princípio de construção de um alto falante. Existe ímã, bobina e diafragma, que faz o papel do cone do falante. Pode-se dizer que são como alto-falantes que no lugar de gerar sinais, os capturam, ou seja, “um auto-falante ao contrário”. Os microfones dinâmicos são famosos pela sua resistência e confiabilidade. Exigem pouca ou nenhuma manutenção regular e, com cuidados razoáveis, manterão o mesmo desempenho por muitos anos. Eles são extremamente duráveis se expostos a condições que definitivamente matariam um elemento de cristal. Existe uma infinidade de mics com elementos “eletrodinâmicos” (dinâmicos) específicos para amplificar o som da harmônica. O mais popular é o “Green Bullet”, que nos anos 50, possuía um elemento chamado CR “Controlled Reluctance” com produção americana. Em meados da década de 60, quando passaram a ser fabricados no México, surgiram outras cápsulas denominadas “CM” ou “Controlled Magnatic” ainda de alta impedância e com uma sonoridade pouco menos forte do que as CR. Nos anos 80, houve mudanças desde o projeto original desses mics, quando foi implementando controle de volume e trocado as antigas CM por uma cápsula dinâmica com transformador de impedância, nascendo assim o Green Bullet “520DX”. Essa é uma das razões pela qual há uma maior procura pelas cápsulas “vintage” que, segundo os gaitistas mais exigentes, possuíam uma melhor resposta para gaita. Lembrando que existem excelentes microfones dinâmicos com transformador de impedância utilizados para microfonar a Harmônica, porém a maioria dos gaitistas experientes afirma que o 520DX não é um deles.


PRÓXIMA POSTAGEM: História mais detalhada dos “Green Bullets”

Abraço a todos!

Luiz Rocha

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A AMPLIFICAÇÃO DA HARMÔNICA (PARTE 5)


Olá, caros leitores! Nas postagens anteriores comentei sobre haver duas formas de amplificar o som da harmônica. Batizei de “Modo 1” o tocar a "gaita acústica", uma forma de amplificar que nos proporciona um som mais fiel ao som do instrumento. Na presente postagem, abordarei o "Modo 2" ou "gaita eletrificada", ou seja, quando se utiliza amplificadores, microfones especiais com cápsula de alta impedância (geralmente os bullets), além de pedais que, em conjunto, modificam o som natural da gaita, resultando em timbres robustos bem diferentes de seu som natural.

ELETRIFICAÇÃO DA HARMÔNICA (O MODO 2)

Bem, em geral o som de um microfone varia com diferentes amplificadores. Uma vez que o timbre faz parte da personalidade musical de cada um, é aconselhável ter seu próprio equipamento (mic + amp), e na falta de um amp, optar por outro que ofereça mais ou menos as mesmas possibilidades sonoras, pois existe uma variedade de amplificadores e microfones considerados excelentes que nem sempre se combinam entre si. No final das contas, a escolha será mesmo uma questão de gosto, a depender das referências e necessidades de cada indivíduo, ou das opções disponíveis no momento.

Para se tocar o blues tradicional um bom microfone bullet de alta impedância plugado num bom amplificador valvulado já resolve tudo. Nos primeiros anos da descoberta da gaita amplificada, os microfones, assim como os amplificadores, trabalhavam sempre em "alta impedância". Relembrando, os "bullets" são esses mics bojudos, com formato para encaixar na mão. Os mics finos, tipo tradicional para voz, como o SM-58 ou o Electrovoice RE-10, são chamados de "Slim". Existem excelentes mics slim pra gaita, alguns deles já foram, inclusive, citados em postagens anteriores, porém, os mics preferidos pela maioria dos gaitistas são os bullets de alta impedância, ou seja, que enviam um sinal mais forte ao amplificador, causando "saturações de pré-amplificação". Esses mics normalmente, eram usados para transmissão de voz, através de sistemas de comunicação (rádios, escolas, delegacias, hotéis, supermercados. Então, algum dia, alguém teve a brilhante idéia de plugá-los em amplificadores de guitarra da época. 

Diz a história que na década de 40 os "Walters" (Little Walter e Big Walter Horton), juntamente com Snooky Pryor, passaram a utilizar microfones tipo "bullet". Primeiramente, nos anos 40 e 50, a marca que dominava o mercado era a Astatic a qual, aos poucos, foi perdendo a concorrência para a Shure, fabricante do modelo conhecido como “Green Bullet”, atualmente, a referência no mercado. Com o passar do tempo, a produção e a venda desses mics bullets foram se limitando a um único tipo de cliente: o gaitista. O fato é que, até os dias de hoje, é possível encontrar pessoas do ramo que desconhecem essa prática (uso de tais mics), inclusive, confundindo inocentemente aquele som "quente", resultado da gaita amplificada com a utilização desses mics plugados num amp valvulado, com o som de uma guitarra, não conseguindo de forma alguma identificar em primeira audição que se trata de uma harmônica. 

A questão é que o timbre, proporcionado por essa mistura, muda completamente a naturalidade do som da harmônica, tornando-a com o som mais "elétrico" e lembrando, de fato, o som de uma guitarra. Algumas pessoas simplesmente não gostam ou ainda não aprenderam a gostar desse conceito, desconhecem o som que os gaitistas da década de 40 e 50 tiravam com seus mics e amps vintages, e que, para atingi-lo, é realmente necessário haver essa combinação de equipamentos. Às vezes, esse "não gostar" pode até se tratar de um preconceito inconsciente, ao se achar que o som da harmônica deve ser sempre limpo e agudo. Isso seria o mesmo que achar que o som da guitarra também deve ser sempre limpo, pois é exatamente assim quando uma guitarra é plugada na mesa de som. Uma coisa é ter um gosto musical, outra é limitar um instrumento que apresenta inúmeras possibilidades sonoras com combinações de equipamentos.


CONHECENDO MICROFONES E CÁPSULAS

Como já vimos em outras postagens, os mics mais conhecidos hoje são o Shure 520DX (Green Bullet) e os mics da Astatic modelo JT-30. Deve-se entender que embora o material utilizado na carcaça e o formato da mesma influenciam levemente no timbre, não é isso que determina o seu som, não é a carcaça, muito menos o rótulo que lhe damos, mas a sua cápsula ou elemento utilizado. Uma coisa é o formato do microfone e outra é o elemento que capta o som (cápsula) e gera o sinal, que é a principal parte de um mic e a que mais interessa. Cuidado com preços altos por mics com acabamentos fantásticos, carcaça bem trabalhadas em pinturas exóticas, mas que podem conter cápsulas de baixa qualidade. Na hora de comprar um mic, atente-se para as especificações de sua cápsula e informações adicionais. Somente após esse passo, deve-se preocupar com o design. 

Outro fator que influencia no timbre é o potenciômetro utilizado e para falar melhor sobre o assunto, convidei o gaitista Diogo Farias, que fabrica mics de gaita, para escrever um artigo aqui no blog. Fiquem, então, com Diogo Farias. Antes, um vídeo dele falando de seus mics.


POTENCIÔMETROS (POT’S), POR DIOGO FARIAS

Definição

Componente elétrico cuja função é variar a resistência de um determinado sinal, atuando no controle da intensidade do sinal (volume) ou no controle de uma determinada freqüência (controle de tone). Podemos, então, dizer que o potenciômetro nada mais é que um resistor com a resistência variável.

Aplicação

A). Volume – ao girar ou deslizar o potenciômetro diminui-se ou aumenta-se a intensidade de uma fonte sonora (cápsula, captador). Isso resulta em um determinado controle da intensidade do sinal dessa fonte, ora mais forte (mais volume), ora mais fraco (menor volume). Note-se que algumas cápsulas da Shure vêm com um resistor. Esse resistor serve pra diminuir um pouco o sinal da cápsula (esse fator auxilia na diminuição da microfonia).

B). Tone – Promover variação de resistência para cortar uma determinada freqüência
(controle de graves, médios e agudos)

Obs: O volume máximo é determinado pelo sinal da cápsula. O potenciômetro não consegue elevar o sinal original da cápsula. Para isso, existem os sistemas ativos.

Funcionamento

No interior do potenciômetro, temos uma trilha que pode ser de materiais como carbono ou cerâmica. Isso oferece uma resistência que varia entre uma determinada faixa à medida que giramos o potenciômetro.

Tipos de Potenciômetro:

A) Linear: Promove uma ação mais lenta (curva linear). Significa que você ao girá-lo, ele vai baixar ou aumentar o volume lentamente.

B) Logarítimo: Promove uma ação mais abrupta (curva logarítmica). Significa que você, ao girá-lo, vai baixar ou aumentar o volume bruscamente. Ambos podem ser usados nos mics de gaita (isso é uma questão puramente pessoal). Eu prefiro os logarítimos, pois respondem mais rápido.

Perguntas mais frequentes:

1 - Os pot´s podem influenciar no timbre da cápsula? 

R – Sim, na verdade podem alterar o timbre negativamente (o ideal é que o timbre original não seja alterado). Nunca um potenciômetro adiciona alguma freqüência a uma determinada cápsula. Ele pode cortar algumas freqüências. Por exemplo, cortar os graves. Quando se quer cortar uma determinada freqüência é mais aconselhável usar um capacitor. Por isso, muitos gaitistas preferem mics sem controle de volume ou com chave liga-desliga.

2 - Qual o potenciômetro ideal para minha cápsula?

R - Na verdade, podem-se usar vários tipos, pois cada um vai se comportar de uma
forma. Existem algumas sugestões que já são clássicas.

Shure CM e cápsulas dinâmicas – usar potenciômetros de 250k ou 500K

Shure CR Black ou White - 500k ou 1 Mega

Cristal ou cerâmica: 1 Mega

3 - Quando eu giro o volume, ele dá um chiado. O que é isso?

R - Sujeira na pista ou pista gasta. Pode-se limpar a pista com álcool isopropílico. Se não resolver, o pot deve ser trocado.

É isso ai, um abraço a todos e boa sorte!

Diogo Farias

É isso aí, Diogo, muito obrigado por sua participação! Existem diversas marcas conhecidas que fabricam microfones especiais para gaita com diferentes formatos, tamanhos e cores: Turner, Electrovoice, Shaker e os mais conhecidos já citados, Shure e Astatic. As reedições destes últimos são as opções mais em conta, mas deve-se saber que existem mudanças no projeto original destes mics, tornando-os com sons diferentes, considerados, pela maioria como inferiores aos fabricados na década de 40-50. Para isso, existem os "customizadores de mics", que resgatam as características originais de sonoridade destes ou mesmo implementam alguma modificação solicitada pelo cliente. Aí estão alguns dos customizadores populares no Brasil:

Leôncio Torneiro: leonciogaita@gmail.com 

Diogo Farias: diogofarias@bends.com.br

Uirá Cabral: uiracabral@bends.com.br

Luis Fernando Lisboa: lflisboa@zipmail.com.br

Fernando Machado: phonebullets@hotmail.com


PRÓXIMA POSTAGEM - CONSIDERAÇÕES BÁSICAS NA ESCOLHA DE UM MICROFONE.

quarta-feira, 4 de março de 2009

A AMPLIFICAÇÃO DA HARMÔNICA (PARTE 4)

Olá Amigos, tenho notado que o número de visitas e comentários está crescendo, acho que estou num bom caminho. Meu objetivo é, com a ajuda de vocês, concentrar em um mesmo espaço uma rica fonte de pesquisa sobre a amplificação da gaita. Realmente, é desgastante ficar horas, dias e até anos gastando tempo e dinheiro tentando descobrir como é que “os caras” faziam/fazem para tirar “aquele som”, ou seja, descobrir o que já foi descoberto.

“AUMENTA A GAITA AÊÊÊ... & *fdp %po&$#) $ #”

Bom, na última postagem, falei sobre microfones alternativos, timbres híbridos, transformadores de impedância e algumas dicas de palco. Agora vamos ler mais de gente que entende do assunto. 

É preciso se acostumar com a idéia de que passar o som com a banda inteira tocando, ajuda a definir melhor os níveis. Não se checa o volume de um instrumento sem ter os outros instrumentos para comparar. É muito comum que alguns músicos ou técnicos achem o som da gaita, às vezes, estridente e com volume muito alto quando a mesma é tocada sozinha. Já tocando juntamente com a banda, o som da harmônica se dilui, chegando, às vezes (na maioria das vezes), a precisar de mais volume. Conversando com o Guto Santana, gaitista paraibano, residente em Recife, ele me explicou algo que, apesar de parecer óbvio, passa despercebido por muitos: 

“a gaita fica numa região média aguda e essas frequências sozinhas podem incomodar. Já dentro de um contexto, com outros instrumentos tocando em outras regiões, principalmente a grave, esse incômodo pode desaparecer”. 

Outro comentário parecido, porém interessante foi do Rafael Domingos, falando sobre as influências de uma boa customização na hora de chegar ao timbre desejado. Luthier, bastante conhecido por seu belíssimo trabalho na customização e preparação do instrumento inclusive para o total cromatismo, o Rafael disse: 

“qualquer instrumento executado sozinho, a sua tendência será de maior volume, pois nossos ouvidos irão captar uma freqüência sonora única. Os outros instrumentos tocados em conjunto, formam uma força sonora maior que um instrumento sozinho”. 

Também achei interessante colocar um comentário do Kenji: 

“Um problema que eu vejo é que, geralmente, um membro da banda aumenta e todo o resto segue. E como a gaita é a primeira a dar microfonia, ela leva a pior. Para resolver, só escolhendo músicos que consigam tocar bem sem ter que aumentar demais o volume”. 

Esse comentário me deu a idéia de enviar o texto e perguntas abaixo para diversos gaitistas e publicar suas respostas. Obrigado pela colaboração de todos. Adianto que nenhum dos gaitistas participantes desta pesquisa teve acesso às respostas uns dos outros com exceção de quem me respondeu pela lista do Gaita-L. Eis o texto e perguntas enviadas a cada um:

VOLUMES – GUITARRISTAS E GAITISTAS

Muitas vezes, ao passar o som, tocando somente a gaita, sem outro instrumento tocando simultaneamente, a gaita parece estar com volume alto o suficiente para se destacar, mas quando entra a banda, ela parece sumir. Poderia comentar sobre as possíveis causas disso e dicas de como evitar essa situação? Aproveite e comente se, a seu ver, existem caminhos e formas diferentes de se explorar o som de outros instrumentos como a guitarra, por exemplo, para otimizar a presença de uma gaita na banda. O que um guitarrista ou o próprio gaitista podem fazer para dar melhores condições de todos aparecerem sem competição sonora? 

RESPOSTAS

"Eles (guitarristas) têm captadores que, de uma forma ou de outra, influenciam na questão da intensidade sonora. Temos que levar em consideração também que cada instrumento tem o seu volume de som natural. Sempre teremos que ver os decibéis dos instrumentos tocados, simultaneamente, para se chegar ao melhor som uniforme possível. Por isso, a passagem de som sempre será fundamental, pois como sabemos, varia de lugar para lugar, mas, com certeza, tendo-se a noção das perdas e ganhos do seu instrumento em relação aos outros, ajudará a ter uma equalização final mais rápida e unânime". (Rafael Domingos)

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“Sempre passe o som com outros instrumentos que irão te acompanhar. Se isso não rolar, a chance desse problema acontecer é grande. A guitarra fica na mesma região da gaita, logo, se uma guitarra estiver muito alta (como quase sempre está), adivinhe quem irá sumir? E, então, você aumenta no palco de todo jeito e começa aquele apito de microfonia! Dependendo de seu equipamento não tem como competir com a guitarra. Por exemplo, como você vai aumentar o volume usando um amplificador transistorizado de 15watts? Tem também a questão do ambiente em que você toca, quanto menor, pior, por ter mais reflexão do som e mais chance da microfonia.” (Guto Santana)

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"Realmente a passagem de som é o momento mais importante do show. Deve ser feita com paciência e necessita de tempo e interação entre a banda e a equipe de áudio. O que acaba acontecendo é que a falta de paciência e os atrasos, acabam por influenciar negativamente todo o processo. Meu conselho é que devemos passar o som com calma. Antes do som ir pro operador, equalize seu amp da melhor forma possível e só depois passe pro PA. O Volume ideal deve ser de médio pra baixo no palco, isso claro, toda a banda junta, pois muita poluição sonora no palco todas as frequências se misturam virando uma bagunça só, o que acontece na maioria dos casos. Tenha sempre o melhor equipamento possível, onde você possa ter uma variante de volume bem grande, pra quando precisar de um gás você consegue sem o menor problema. Quanto aos guitarristas importunos, acho que numa banda com gaita, na verdade, os gaitistas são os mais importunos. Nesse caso, vamos tentar trabalhar em conjunto com os guitarristas, executando convenções e melodias juntos, abrindo vozes e criando, sempre em conjunto e nunca duelando. Economize as frases desnecessárias, seja pontual e assim sua gaita será muito valorizada na música. É isso gaitistas, experimentem e criem." (Rodrigo Eberienos)

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"Esse é um grande problema para os gaitistas, na verdade para qualquer músico, pois na maioria das vezes a banda toca muito alto e prejudica o modo que vamos tocar, isso vale também para os vocalistas, a melhor opção é tentar mostrar para a banda que existe uma coisa chamada dinâmica e que isso é super importante, pois quando uma banda tem dinâmica, qualquer solista, seja ele gaitista, guitarrista ou até mesmo vocalista, tem mais liberdade para interpretar os solos, usando efeitos e usando a dinâmica ao seu favor o solista pode criar solos com vários climas. Aconselho a todas as bandas tocarem baixo no palco, com o volume confortável para todos os integrantes e principalmente os guitarristas evitarem "solar" o tempo todo, muitos guitarristas não fazem uma base boa, ficam solando o tempo todo, em cima da voz, em cima da gaita, etc. Escutem bandas que o principal solista não seja a guitarra, ouça as bases e os arranjos que essas bandas fazem. Toquem com dinâmica." (Jefferson Gonçalves)

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"Já passei por muitas situações desse tipo. Na verdade existem duas maneiras de tocar guitarra e uma delas inclui a maneira de tocar para acompanhar um gaitista. Nessa a guitarra é muito mais econômica. Quando o trabalho é centrado na gaita como elemento principal o ideal é que os outros instrumentos toquem baixo, pois a gaita tem um limite de volume muito baixo por conta da microfonia. O difícil é achar um pessoal disposto a tocar dessa maneira. Bateristas: tocar baixo e com pegada. (pegada não tem nada a ver com volume). Guitarristas: comprem amps de no máximo 15 w. Eles vão distorcer com um volume baixo e são bem menores pra carregar. No meu ponto de vista o batera é o elemento principal. Se ele tocar baixo, todos o seguirão. O volume ideal é quando todos se ouvem claramente em qualquer parte do palco. Assim podemos priorizar a voz no retorno e pro baterista um pouquinho de cada coisa. Assim podem-se explorar as minúcias da dinâmica e os mil recursos que a bateria oferece. O volume para o público fica por conta do PA. Acho que isso funciona bem dessa maneira. Sem falar que tocar alto demais causa surdez irreversível." (Diogo Farias)

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"Passei por inúmeros amplificadores gigantes, achando que quanto maior a potência, melhor eu seria escutado. Mas, pelo menos pra mim, acho que encontrei a saída. Um bom microfone e um bom amplificador resolveram o problema. Não se trata de equipamento de marca, mas, equipamento que seja amigo da gaita. Como o microfone tem altíssimo ganho, o amplificador responde com feedback. Se você tem um mic legal (indico os usados por gaitistas profissionais, com cápsulas Shure e Astatic, não os vendidos em loja e, sim, os antigos), basta procurar por um ampli, preferencialmente, de baixa potência e valvulado que te possibilite aumentar o volume, sem perder a gordura do timbre e a nitidez do som. Acho que não se trata, exatamente, do que o guitarrista tem que fazer quando tem um gaitista na banda. Isso poderia acontecer com qualquer outro instrumento de destaque que não tenha a característica de ser rítmico, como é o caso da gaita e outros instrumentos de solo. Na minha experiência, isso aconteceu quando guitarra e gaita se chocavam, porque um ou outro não respeitava o espaço de cada um. O lance é se misturar na música, ao invés de parecer um intruso. Respeitar a música e os músicos que tocam juntos. Daí, naturalmente, se criam os espaços para os demais instrumentos se destacarem." (Uirá Cabral)

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"Um problema que eu vejo é que, geralmente, um da banda aumenta e todo o resto segue. E como a gaita é a primeira a dar microfonia, ela leva a pior. Para resolver, só escolhendo músicos que consigam tocar bem, sem ter que aumentar demais o volume. O palco é um espaço social, e onde se junta um monte de gente. Para tudo fluir legal, é bacana que haja certa cortesia entre todo mundo." (Leonardo K. Shikida)

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"O que falta em alguns músicos é a consciência de grupo. SE o guitarrista TEM consciência de que a harmônica fala com o volume limitado pelo seu amplificador (ou pelo máximo possível antes de ocorrer microfonia), então, ele vai aumentar o volume da sua guitarra até a banda estar com volumes emparelhados. Outra forma de começar o problema pode ser no caso de o guitarrista ter um amp muito potente e deseje alcançar as distorções do amp, desse modo, ele vai elevar o volume de sua guitarra, despreocupado se ele estará emparelhado em volume com a banda ou não. Uma solução, para isso, é o guitarrista fazer um "Serrano Amps 36", que possui chave de potência que faz com que o amp utilize 4 válvulas na saída, ou apenas 2 se assim desejar (18w ou 36w), adequando, assim, o volume (com timbre) do amplificador ao tamanho ambiente. Justiça seja feita, os gaitistas não estão livres de sofrerem da "falta de consciência de grupo" também...impondo uma gaita com 50w rms, numa caixa 4x10, quando o guitarrista tem apenas uns 15w, num cubinho com 1x12. Instrumentos e aparelhos não são o problema, usuários sim." (André Serrano)

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"Há muito tempo, caiu a idéia de que pequenos amplificadores valvulados dariam o melhor som para os gaitistas. Não é por que a gaita é pequena que os nossos amplificadores também devem ser. Só consigo me adaptar a amplificadores grandes como: Bass Man 59 (Fender), Victory Head 45 (Serrano Amps). Diminui, bastante, meus problemas de volume usando esses amps. Quando eles ainda ocorrem, muitas vezes, não é devido ao volume, e olha que, em minha opinião, não se deve ter medo de abrir o volume de seu amp. A gaita exige isto, funciona diferente de uma guitarra, nunca se ache demais. Uso um pedal de volume para ter a segurança de que não vou incomodar e estou sempre com o mesmo fechado quando não toco. Quando não estou executando a gaita, meu mic aberto pode captar o som dos outros instrumentos. Mas, de qualquer forma, observe o uso dos graves. Tocar uma gaita sozinha no palco, amplificada com os graves, falando bem, é lindo, mas, quando a banda entra vai embolar e sumir. Então, tocar sozinho é uma coisa, tocar com a banda é outra. Observe e abra médio e agudo e feche o grave até que microfonias de grave desapareçam e você se sobressaia novamente. Essa dica também fará com que sua vida ao lado de um guitarrista seja bem mais tranqüila. São instrumentos com a mesma linguagem e linha de raciocínio. Quando duas guitarras tocam juntas, cada uma tem que fazer seu papel, com a gaita não é diferente. Se usar regiões graves, é interessante que o guitarrista faça o oposto e vice-versa. Por isso, tocar Jump Blues facilita a linguagem da gaita. Acordes ricos e suaves, em uma região aguda da guitarra, se contrapondo a melodias simples e objetivas na região grave de uma gaita. Por este mesmo motivo, acabo usando mais a terceira oitava, por exemplo, ao tocar rock, já que, neste gênero, se usa muito a região grave das guitarras. Agora a dica final é: Dinâmica e equilíbrio são fundamentais para qualquer banda." (Leandro Ferrari) 

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"Na realidade, hoje, sempre quando passo o som, timbro a gaita, primeiro, logo em seguida, vejo se o volume está de acordo com a banda. Obviamente, que peço gaita no retorno, se não, sem chance, a banda vai me engolir, com certeza. Vale ressaltar que toco com um bassman 59, então, obtenho um volume legal com o grave que eu quero, mas, quando toco com ampli pequeno, é um Deus nos acuda! Estou falando de palco, com um tamanho razoável, não um boteco. Algumas bases de guitarra, realmente, não proporcionam uma cama legal para solo de gaita. No meu caso, procuro mostrar para os guitarristas que tocam comigo, bases de guitarristas que acompanharam os mestres Sonny boy II, Little Walter, Horton etc... Se você tem uma base de acordo com o estilo que você se propôs a tocar, aí as coisas ficam fáceis. O que acontece é que as maiorias dos heróis da guitarra não tinham gaitas em suas bandas, então: a maioria dos guitarristas escuta quem? Os heróis da guitarra. Então, é obvio que eles não conheçam bases para tocar com gaitistas. Eles não são culpados, a nossa obrigação é fornecer um material para eles conhecerem e, assim, a vida segue. Por isso, tem uma grande diferença do meu show com minha banda e com bandas de outras cidades. Bom, não sei explicar em termos de acordes e quais os acordes certos pra se tocar, o que te posso falar é, na musica 'Keep It to yourself', que toquei no SESC Pompéia, o Danilo fez a base de guitarra do Sonny boy II, aquilo me ajuda muito, veja o vídeo" (Robson Fernandes)


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"Há uma consideração muito importante sobre “massa sonora”, no caso de haver um quarteto (baixo, bateria, guitarra e gaita). Perceba que a gaita responsabiliza-se pelo solo e a guitarra pela base e também solo. Quando um gaitista está solando, o guitarrista ainda preenche a massa sonora que, nesse momento, é constituída de quatro instrumentos tocando simultaneamente. Contudo, quando um guitarrista para de fazer a base e parte para um solo (em um quarteto), a gaita ou gaitista, com toda versatilidade que possui, dificilmente fará uma base como a de uma guitarra ou de um piano e, portanto, não somará tanto na massa sonora, que nesse instante (solo de guitarra), pode-se dizer que é formada por apenas três instrumentos. Essa situação favorece muito os guitarristas e também é por esse motivo, que, numa banda com gaita, sugere-se haver mais dinâmica e ter o cuidado de trabalhar com os instrumentos em regiões diferentes. Percebam no vídeo do Junior Wells abaixo que a maior base da música é composta por bateria e Baixo. As intervenções de Buddy Guy na guitarra são mínimas, sempre explorando Riffs com notas curtas." (Luiz Rocha)


CONTINUA...





sábado, 7 de fevereiro de 2009

A AMPLIFICAÇÃO DA HARMÔNICA (PARTE 3)

Olá, caro leitor!

Continuo postando este assunto que é de grande interesse dos que estão se aventurando na amplificação da harmônica! Tenho procurado abordar esse tema da forma mais detalhada que eu puder a fim de contribuir na criação de uma página que disponha de informações que geralmente só são encontradas na net de forma muito fragmentada. Esta é a terceira parte da série. Ainda não me aprofundei em amplificadores valvulados e mics do tipo Bullet, especiais para gaita, até por que não me considero a melhor pessoa pra falar disto, mas prometo um post mais dedicado à esse tema. Espero que o conteúdo possa ser útil.

EQUIPAMENTOS ALTERNATIVOS E TIMBRES HÍBRIDOS

Há uma série de microfones específicos (ou não) pra a gaita, e cada um deles produz um som característico que pode ser mais usado num determinado estilo musical em detrimento de outro. Se você quer tocar Jazz ou Country, por exemplo, é preferível explorar a forma acústica de amplificar o instrumento, utilizando mics dinâmicos, o que equivale ao "modo 1" comentado em postagens anteriores. Se a sua preferência é o blues tradicional de Chicago (modo 2) prepare-se para investir em mics bullets de alta impedância, com cápsulas vintage e amplificadores valvulados, o que abordarei em outras postagens. Há a opção de se atingir timbres diferenciados que, embora não seja objeto de interesse dos gaitistas mais conservadores, não deixam de ser uma opção a se explorar. É o caso dos "timbres híbridos", que fogem aos padrões de sonoridade clássica, mas que ainda podem ser aplicados a uma série de gêneros musicais. Veja por exemplo esse vídeo do Carlos Del Junco e perceba as peculiaridades deste som que se destaca pelo timbre encorpado, aveludado.



Há realmente muitas possibilidade e por isso vou contar um pouco de minha experiência e trajetória com amplificação da harmônica de boca. Por favor, não interprete que eu esteja indicando esses equipamentos à seguir, estou apenas contando o que usei no decorrer do tempo. Passei por diferentes equipamentos antes de chegar ao set que mais tenho usado atualmente com mic bullet, pre-amp e amp valvulado.

Despertando o interesse pela amplificação:

Comecei a me interessar por amplificação quando vi um show da banda de blues soteropolitana "220 Volts" no final de 2003. Eu estava procurando conhecer músicos de blues mais experientes com quem eu pudesse trocar figurinhas e numa dessas descobri essa banda liderada pelo amigo guitarrista Ícaro Britto. Havia um gaitista chamado Yberê Camargo que integrava este trabalho. Ele me influenciou a amplificar o som da gaita e a escutar grandes nomes do blues de Chicago desde os veteranos Little Walter, James Cotton, Junior Wells aos mais modernos como Sugar Blue. Yberê tocava num amp Laney TF-100, onde plugava um mic Green Bullet 520 DX. Saí correndo para a uma loja de instrumentos e investi no meu primeiro amp, um Laney Tube Fusion TF50 (um amplificador menor de guitarra com falante de 10’). Nele eu plugava meu primeiro microfone, um Shaker Madcat, que oferece um design moderno, prático, confortável de segurar, e é projetado para privilegiar o efeito wha wha. Ele tinha originalmente um som magro, puxado para médio agudo, coisa que eu nunca gostei, embora admirasse os sons que o gaitista Peter Madcat Ruth tirava com esse mic.  

O som que eu tirava era pobre, tosco, magro, apitava microfonias que feriam os ouvidos, então recorri a alguns pedais equalizadores, achando, inocentemente, ser esta a solução para conseguir algo parecido com os timbres robustos dos gaitistas de blues que usam bullets em amps valvulados. Pura inocência. Passei um bom tempo "quebrando a cabeça" tentando alcançar um timbre mais encorpado com este mic e amp, e nunca consegui nada que me agradasse tanto, até cair a ficha e perceber que eles não foram projetados para esse tipo de som que eu buscava. Contudo, até chegar esse dia, acho que fiz milagres utilizando pedais para tentar modificar o som do Shaker plugado no Laney TF-50.

Primeiro eu adquiri um pedal equalizador GEB-7 da Boss e nele, aumentava todas as frequências médio-graves, além de deixar o amp com o botão de médio no zero e o agudo no mínimo. Veja esse vídeo com o saudoso e já falecido amigo guitarrista Álvaro Assmar onde toquei com banda usando essa combinação de equipamentos. Na sequência, uma exposição do set de equipamentos do próprio Peter Madcat.





Mais adiante, após testar outros pedais, meu set consistia em plugar o Shaker num equalizador V-tone Acoustic ADL 21 da Behringer que enviava o sinal para o GEB-7 da Boss, e por fim, chegava ao Laney tube Fusion TF-50, plugado com um transformador de Impedância (ainda falarei mais sobre isso). Este pedal da Behringer possui uma alternativa chamada “Blend” que lembro que dava uma boa engordada no som quando ativado um circuito embutido de "emulação de válvulas". Pra mim foi o melhor timbre que consegui naquela época (2006) com os equipamentos que eu tinha até então. Com esse set, gravei as faixas "Até Ontem" e "Carona Errada" do meu primeiro álbum. Então descobri um cara que vendia microfones bullet caseiros feitos com cápsula de telefone (alternativa que tive frente ao alto custo dos verdadeiros bullet com cápsula vintage de alta impedância). Meu melhor timbre com os pedais e amp Laney que eu usava veio quando passei a usar esse mic ou um microfone dinâmico SM-58 da Shure. Depois de muita dor de cabeça e insatisfação com meu timbre, e uma imensa necessidade de progredir sonoramente, decidi finalmente juntar uma grana e investir num mic e amp de verdade. Foi quando adquiri um Astatic JT-30 de cor cinza com cápsula CM, e um amp caseiro de alta qualidade da Loester Amps. Mesmo com o novo mic e amp eu ainda fazia questão de usar os pedais acima mencionados. O único vídeo com este set que sobrou pra contar história é este de 2008...


Mas infelizmente precisei vender esse amp e mais tarde consegui investir num Serrano STR Harp Minihead com falante de 12’ e num mic Bullet Shure CR, com timbre bem encorpado, mantendo os mesmos pedais já mencionados para alguns cortes de frequências. Discorrerei mais sobre estes equipamentos em outros posts.  


"MIC-5" DA HERING HARMÔNICAS

Após adquirir um Serrano Amps e ter experimentado o poder de um "mic de verdade", decidi fazer algumas experiências. Esse set tinha um som muito blues clássico que eu não curtia para o tipo de som que eu queria fazer. Então experimentei plugar um Mic-5 da Hering no Serrano. Esse mic foi desenvolvido pela Hering Harmônicas, numa parceria com a Lesson e o gaitista Jefferson Gonçalves, e projetado para se plugar na mesa de som e obter uma sonoridade mais limpa com nuances nos graves. Conheci este mic na Expo Music 2008. Adquiri um e realizei uma comparação com o Shure SM-58, ambos novos. Foi tirar da embalagem e plugar no Serrano, utilizando a mesma equalização para cada mic e uma gaita Bends modelo Anima em dó. Executei os mesmos riffs com cada mic, e embora ambos não tenham sido projetados para essa proposta de plugar num amp valvulado, esses mics não deixam de ser utilizáveis desta forma, produzindo timbres alternativos e com baixa incidência dos níveis de distorção. Isso por que os mics dinâmicos são "LOW-Z", ou seja, de baixa impedância e quando plugados num amplificador que possui uma entrada de alta impedância (HI-Z), produzem um som mais fraco devido à perda de algumas frequências e de volume. Existem, inclusive, conversores de impedância (Impedance Matching Transformer) que podem ser utilizados nesses casos. Fabricantes como Audio Technica, Shure, dentre outros, produzem um adaptador que casa as impedâncias, transformando o sinal do mic dinâmico LOW-Z em HI-Z. Era inclusive o que eu usava com o Shaker Madcat em meu primeiro set. Mas, voltando à comparação feita com o SM-58, o MIC-5 me proporcionou mais volume. Já em relação ao timbre, o Shure SM-58 é mais clássico e tem mais brilho. Sendo sincero, ainda preferi o MIC-5, que depois testei com os pedais que já mencionei e consegui chegar a uma equalização além das minhas expectativas. Foi exatamente isso que usei no vídeo a seguir: MIC-5 ==>> Vitone Acoustic da Behringer ==>> Geb-7 da Boss ==>> conector transformador de impedância ==>> amp Serrano.



Segundo André Serrano (gaitista e fabricante dos Serrano Amps), em conversas via MSN com o mesmo:

“O Mic-5 é feito com cápsula dinâmica similar às existentes na linha de produtos Leson para voz. Isto lega ao mic a uma utilização para instrumento da mesma forma do que os microfones de mão, só que com maior portabilidade e manuseio. A característica do mic com sua cápsula dinâmica (de baixa impedância e baixo sinal) remete, então, ao uso como microfone de mão para instrumentos com sonoridade limpa a ser plugada na mesa de som de forma idêntica aos microfones de voz. Trata-se de um microfone para ‘gaita limpa’, comumente, utilizados para gêneros como jazz, clássico, popular, nacional etc. Nada impede, contudo, de o usuário experimentar plugar um mic deste tipo num amplificador valvulado com vistas ao atingimento da sonoridade blues... mas, neste caso ele não atinge nem os timbres com distorção do blues clássico e nem a limpeza e clareza de médios e agudos da sonoridade jazz. O resultado, neste caso, será um terceiro timbre, com maior nuance de freqüências médias e com uma tênue distorção.”

Conversando com o gaitista paraibano Guto Santana, ele me desabafou algo muito interessante e que eu fiz questão de escrever aqui:

“cansei de mics pesados e que muita gente usa apenas porque ‘é tradição’. O problema é que tem muita gente fazendo as coisas porque fulano também fazia, ou sicrano, mas, muitas vezes, o cara não se sente bem fazendo aquilo, não é a dele. E quando digo isso não estou me referindo a gosto pessoal”.

"FIREBALL" DA AUDIX

Existem também outros microfones no mercado, como o Audix FireBall. Disponível nas versões com e sem volume, esse mic explora a sonoridade limpa e tem grande poder de ganho sendo capaz de aguentar níveis de som superiores a 140 dB, sem haver distorção do som. Veja um dos inúmeros vídeos da Christelle Berthon utilizando esse mic e uma exposição de seu "pedal board"




Este mic também é muito utilizado para amplificar a gaita cromática. “Acho que antes de qualquer coisa é um microfone que tenta reproduzir fielmente as freqüências da gaita acústica”, disse Guto Santana, que possui um FireBall e confessa preferi-lo ao MIC-5 da Hering. Segundo ele, em conversas pela web, a diferença deste mic para um mic de voz normal tipo SM-58 é de que o mesmo possui uma captação otimizada para as freqüências da gaita, o que significa não precisar mexer tanto no equalizador para deixar o som como você quer. “Ele dá um brilho no som também”. Talvez, o que o Guto esteja se referindo nesta frase, seja à capacidade deste mic de manter e reproduzir um som com alta qualidade, mesmo enquanto, o gaitista está realizando o "cupping" (envolver com as mãos), pois na aplicação de tal técnica, a maioria dos microfones tende a exagerar no nível de ruído ou tornar o som distorcido, o que não acontece com o Fireball. No caso deste último, opera-se como se estivesse num ambiente aberto. O Guto ainda me falou que se pode tocar com este mic no pedestal, uma vez que ele possui um cachimbo menor que vem junto na embalagem, o que pode ser observado como uma vantagem em relação ao MIC-5. 

Disse Guto Santana: "O que acho legal desse mic é o tamanho menor dele e a leveza, embora ainda ache o globo um pouco grande pra se envolver nas mãos dificultando os efeitos de mão, também porque já estou mais acostumado com o Electrovoice RE-10, que tem uma cabeça bem pequena e super confortável." Ele disse ter um desses e não se arrepender da compra "... foi a melhor coisa que fiz. Levinho e boa parte do timbre do Carlos Del Junco é graças a esse mic"


AINDA SOBRE IMPEDÂNCIA...

Seguindo o assunto sobre impedância, o André Serrano me falou uma coisa muito interessante:

“... têm alguns poucos microfones dinâmicos de voz que vem com transformador de impedância dentro do próprio corpo do microfone para ser ligado ou não...". 

Ou seja, se você quiser transformá-lo em alta, basta abrir o mic e fazer essa transformação. Isso pode ser uma ótima dica para quem quer plugar esses mics dinâmicos em Amplis valvulados. O Serrano me contou que abriu alguns modelos de mics da marca Lesson e que encontrou tal transformador num Lesson prateado (aquele com corpo de metal) e que não encontrou ao abrir um Lesson “preto”.

Ainda há uma opção de se utilizar um sistema sem fio. Olha o que fiquei sabendo pelo Guto Santana na lista do Gaita-L: 

"É interessante observar que se você usar esse mesmo microfone (ou outro qualquer de baixa impedância) com um sistema sem fio, você não mais precisará do conversor de impedância. Isso porque o sinal sem fio opera já em alta impedância e o sinal de seu mic será automaticamente convertido antes de chegar no amplificador.”

Ele ainda acrescentou detalhes e dicas muito do tipo: 

"...de preferência, um sistema sem fio UHF (melhor faixa de freqüência) e que tenha uma base com duas antenas (que minimiza o risco de interferências). Um sistema desses custa em média no Brasil R$ 1.000. Se alguém puder trazer de fora diretamente pra você, ajudará muito. Para se usar microfones de baixa impedância com saída XLR (Cannon) posso citar o da Samson O detalhe que permite o uso desse tipo de microfone é o pequeno transmissor (AX1 trasmitter é nome desse da Samson) que transforma qualquer microfone com saída XLR com fio num mic sem fio. Tenho esse sistema e posso dizer que sua qualidade é muito boa. Uso esse sistema com 2 microfones diferentes hoje: o Audix Fireball e o Ev-RE 10. Para se usar microfones tipo bullet, o transmissor é diferente, possuindo conexão banana. A AKG tem o Guitar Bug e a Samson o AF-1 e o AG-1. A AKG também produzia um sistema com um transmissor semelhante (chamado SO transmitter), mas, parece que o transmissor saiu de linha e não é mais fabricado. Não tenho certeza. Acho interessante você ter o conversor de impedância também, para não ser obrigado a sempre ter que ligar e depender do sistema sem fio para tocar."

Agradeço por suas dicas, Guto, assim como eu, muita gente desconhecia tais informações! Sem dúvida, um sistema sem fio pode ajudar bastante, principalmente, na passagem de som, pois, algumas vezes, em palcos maiores, a gaita pode parecer bem equalizada nos monitores, mas, pode ocorrer do operador não mixar bem no P.A. e deixar o som bastante agudo (estridente),o que fere o ouvido do público, sem contar que "queima" seu trabalho. A única maneira de saber se o som está ao seu gosto é estando na frente do palco (onde estaria o público) ou tendo alguém/um técnico de confiança por lá para verificar a equalização. Alguns operadores acham que um som de qualidade é aquele que tem os agudos muito pronunciados,o que provoca desequilíbrios na resposta do sinal e gera realimentações. A gaita já é um instrumento de sonoridade média e aguda por natureza. Importante tomar bastante cuidado (a depender dos sistemas de som) com freqüências entre 800HZ a 3K, que podem atrapalhar muito os gaitistas. Sugere-se sempre ter um técnico que já compreenda a sonoridade do instrumento ou, caso contrário, bater um papo com o operador de som disponível antes do show a fim de orientá-lo em relação ao som que se quer atingir. Contudo, vale tentar passar o som estando do lado de fora do palco, ouvindo exatamente o que ouviria o público. Para isso, é preciso ter um cabo longo, que lhe possibilite se afastar do palco a ponto de ficar à frente do P.A. numa distância de pelo menos cinco ou seis metros ou, melhor ainda, seria ter um sistema sem fio. 

CONTINUA...